quinta-feira, 10 de maio de 2012

Assistindo Livros: Birdsong

Uma das obras britânicas mais aclamadas pela crítica finalmente ganhou vida na telinha. A BBC adaptou o romance Birdsong de Sebastian Faulks para a TV numa minissérie em dois capítulos. 

Birdsong (O Canto do Pássaro) é um romance comovente e extraordinariamente intenso que conta a história de um tórrido caso de amor que transforma a vida de todos ao seu redor! O palco dessa paixão é a França no período pré-guerra, onde o jovem inglês Stephen Wraysford é enviado para observar e aprender sobre o processo de fabricação na indústria têxtil da família Azaire. Como hóspede da família, Stephen cria um relacionamento especial com todos os membros. Ganha a confiança de René Azaire e torna-se confidente de sua jovem esposa Isabelle. Entre toques furtivos e olhares comprometedores, Wraysford e Isabelle acabam se envolvendo num inesquecível caso de amor rodeado de escândalo, sofrimento e doses cruéis de realidade.
No livro a história se estende por três gerações, em uma saga que tem inicio em 1910 com Stephen e Isabelle e só termina em 1979, já na Inglaterra, quando Elizabeth Benson, a neta de Wraysford procura saber mais sobre os feitos de seu avô durante a Primeira Guerra Mundial. Já a minissérie contou com um roteiro “resumido”, focando no amor proibido do casal e nos horrores da guerra. Roteiro esse que contou com a colaboração e supervisão do próprio Falks, que aliás, acompanhou as filmagens em Budapeste. A título de curiosidade, é válido ressaltar que uma longa lista de cineastas se candidatou para adaptar o Best-seller (inclusive Joe Wright, de Orgulho e Preconceito/ Desejo e Reparação, um dos meus favoritos), mas a produção ficou mesmo por conta do diretor Philip Martin. Não posso dizer se é uma adaptação boa ou não por que não li o livro ainda. Mas conheço bem sua história e sua fama, uma vez que a repercussão no lançamento da obra foi muito grande na época. Contudo, sinceramente, depois de ver a série, acredito que deve ter sido feito um bom trabalho. Se não for tão fiel, devemos lembrar que a maioria das adaptações de livros não o é, e que se trata de uma produção de TV. Portanto tempo e recursos aqui são uma questão prioritária.
O que posso afirmar é que se trata de uma história muito bonita e bem construída, com personagens marcantes e uma fotografia espetacular. Stephen é o típico bom moço inglês, muito bem interpretado por Eddie Redmayne (Sete dias com Marilyn). Um mocinho apaixonado e disposto a enfrentar tudo e todos para ser feliz ao lado de sua amada. Um herói de guerra melancólico, atormentado pelas lembranças de um amor impossível. Como Isabelle, temos a belíssima Clémence Poésy (HarryPotter) que faz um excelente trabalho como a esposa insatisfeita, mas adorada pelo marido e enteados. Uma mulher destemida, que sabe dar ouvidos aos seus desejos. O relacionamento dos dois é pontuado por segredos, dúvidas, superstições e tragédia. A família Azaire, a irmã de Isabelle e os companheiros de Stephen nas trincheiras são outros personagens que ganharam atuações impressionantes.

A guerra, aliás, é um dos pontos fortes da série. Um cenário insano e desesperador que leva os personagens a questionar a própria humanidade e razão. As trincheiras, os campos de batalha, os corpos se decompondo a céu aberto, os tiros, os bombardeios, a dor, as cidades destruídas, o povo decadente, o calor, a lama, a chuva, a poeira... um verdadeiro retrato de corações partidos e almas dilaceradas. Esse contraste com as paisagens bonitas do início mostra o quanto a obsessão do homem não tem limites. Seja na ânsia de conquistar territórios e poder, ou na busca cega e enlouquecedora pelo amor. Sofrendo e ferindo, amando e odiando. 


Foi nesse clima intenso e poderoso que me envolvi ao assistir Birdsong. São dois episódios de 90 minutos, onde apesar do ritmo lento, você mal vê o tempo passar. Na verdade a sensação é de sufoco, ansiedade, torcendo para que tudo aquilo não acabe mal. Um enredo realmente emocionante, com situações devastadoras que te fazem refletir e ter sentimentos contraditórios. Amores impossíveis, medos irracionais, sexualidade em tempos de guerra, lealdade e instinto de sobrevivência são apenas alguns dos ingredientes desse romance que se tornou um dos mais atuais documentos de uma guerra que todos preferiam esquecer. Recomendo! 

1 comentários:

Gabriela disse...

Nossa sua resenha é espetacular, parabéns! Amei a minissérie, maravilhosa, atuação incrível dos atores e fotografia de tirar o fôlego.

Postar um comentário