Uma das obras britânicas
mais aclamadas pela crítica finalmente ganhou vida na telinha. A BBC adaptou o
romance Birdsong de Sebastian Faulks para a TV numa minissérie em dois capítulos.
Birdsong (O Canto do Pássaro) é um romance comovente e extraordinariamente intenso que conta a história de um tórrido caso de amor que transforma a vida de todos ao seu redor! O palco dessa paixão é a França no período pré-guerra, onde o jovem inglês Stephen Wraysford é enviado para observar e aprender sobre o processo de fabricação na indústria têxtil da família Azaire. Como hóspede da família, Stephen cria um relacionamento especial com todos os membros. Ganha a confiança de René Azaire e torna-se confidente de sua jovem esposa Isabelle. Entre toques furtivos e olhares comprometedores, Wraysford e Isabelle acabam se envolvendo num inesquecível caso de amor rodeado de escândalo, sofrimento e doses cruéis de realidade.
No livro a história se estende por três gerações, em uma saga que tem inicio em 1910 com Stephen e Isabelle e só termina em 1979, já na Inglaterra, quando Elizabeth Benson, a neta de Wraysford procura saber mais sobre os feitos de seu avô durante a Primeira Guerra Mundial. Já a minissérie contou com um roteiro “resumido”, focando no amor proibido do casal e nos horrores da guerra. Roteiro esse que contou com a colaboração e supervisão do próprio Falks, que aliás, acompanhou as filmagens em Budapeste. A título de curiosidade, é válido ressaltar que uma longa lista de cineastas se candidatou para adaptar o Best-seller (inclusive Joe Wright, de Orgulho e Preconceito/ Desejo e Reparação, um dos meus favoritos), mas a produção ficou mesmo por conta do diretor Philip Martin. Não posso dizer se é uma adaptação boa ou não por que não li o livro ainda. Mas conheço bem sua história e sua fama, uma vez que a repercussão no lançamento da obra foi muito grande na época. Contudo, sinceramente, depois de ver a série, acredito que deve ter sido feito um bom trabalho. Se não for tão fiel, devemos lembrar que a maioria das adaptações de livros não o é, e que se trata de uma produção de TV. Portanto tempo e recursos aqui são uma questão prioritária.
A guerra,
aliás, é um dos pontos fortes da série. Um cenário insano e desesperador que
leva os personagens a questionar a própria humanidade e razão. As trincheiras,
os campos de batalha, os corpos se decompondo a céu aberto, os tiros, os
bombardeios, a dor, as cidades destruídas, o povo decadente, o calor, a lama, a
chuva, a poeira... um verdadeiro retrato de corações partidos e almas
dilaceradas. Esse contraste com as paisagens bonitas do início mostra o quanto
a obsessão do homem não tem limites. Seja na ânsia de conquistar territórios e
poder, ou na busca cega e enlouquecedora pelo amor. Sofrendo e ferindo, amando
e odiando.
Foi nesse clima
intenso e poderoso que me envolvi ao assistir Birdsong. São dois episódios de 90
minutos, onde apesar do ritmo lento, você mal vê o tempo passar. Na verdade a sensação é de sufoco, ansiedade, torcendo para que tudo aquilo não acabe mal. Um enredo realmente emocionante,
com situações devastadoras que te fazem refletir e ter sentimentos
contraditórios. Amores impossíveis, medos irracionais, sexualidade em tempos de
guerra, lealdade e instinto de sobrevivência são apenas alguns dos ingredientes
desse romance que se tornou um dos mais atuais documentos de uma guerra que todos
preferiam esquecer. Recomendo!
1 comentários:
Nossa sua resenha é espetacular, parabéns! Amei a minissérie, maravilhosa, atuação incrível dos atores e fotografia de tirar o fôlego.
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